Já começamos a ver neste mês de janeiro os veículos de comunicação divulgarem os preparativos para o Carnaval de 2011. Assim, empolgado com este movimento, fui no domingo passado, dia 10/01, assistir (e me divertir) ao ensaio da G.R.E.S Vila Isabel na "Boulevard" 28 de setembro.
Sempre gostei de carnaval, embora não saiba sambar, mas tocar percussão com uma certa maestria... Só que ao chegar no meu primeiro evento carnavalesco de 2011, comecei a observar as pessoas a minha volta e esqueci um pouco de festejar como a maioria das pessoas que ali estavam.
De certa forma, aquela minha observação era uma maneira de festejar sim! Festejei a cultura popular desse povo carioca sofrido e, ao mesmo tempo, alegre.
Após comer com os olhos uma mulata aqui e outra acolá, vi como aquele momento é, de fato, o exemplo RARO de democratização social! Explico o porquê:
Ao meu redor,
Vi crianças, jovens, adultos e idosos;
Vi casais, pessoas solteiras e "se pegando";
Vi negros, brancos e pardos;
Vi (e ouvi) cariocas, gringos e turistas de outras regiões (paulistas, mineiros etc);
Vi pessoas humildes, ricas, patricinhas, mauricinhos e mendigos;
Vi pessoas bebendo cerveja, Ice, refrigerante, caipirinha e água (eu, por exemplo);
Vi moradores que surgiam nas varandas de suas casas dançando e moradores que fechavam ao máximo suas casas por causa do barulho;
Vi gente que businava com seus carros na rua ao lado para acompanhar o samba e pessoas que businavam reclamando do trânsito que o evento gerava;
Vi gente sambando, parada, observando, pulando, gritando;
Vi gente se divertindo, gente trabalhando e as duas coisas ao mesmo tempo.
O mais curioso disso tudo é que talvez ninguém se dê conta que aquilo ali esteja ocorrendo naquele momento. Por algumas horas a Rua 28 de de setembro viu passar num dos bairros mais tradicionais do Rio de Janeiro, a democracia cristalizada em forma de gente!
Ninguém ali era diferente. Todos eram iguais!
E o melhor: naquele momento quem "reinava", gerenciava, protagonizava aquela parte da cidade eram os negros, os mais humildes, quem historicamente sofreu nesse país. Comandavam a festa nem que apenas por algumas horinhas...
E o pior: ao cessar dos surdos, tamborins, cuícas e repiques, todos voltavam para suas casas. Uns pegavam ônibus, outros seus carros, outros a pé em direção à favela mais próxima... Voltava-se tudo "ao normal" (?).
Viva o carnaval! Viva o samba! Viva Noel Rosa!
E que o ano de 2011 seja um carnaval do início ao fim para a democracia reinar!
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