terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Futebol é coisa de macho?

Recentemente, o presidente da FIFA, Joseph Blatter, deu uma declaração que faz qualquer defensor dos Direitos Humanos ficar estupefato! De acordo com o ilustríssimo mandante do futebol mundial, gays e lésbicas não deveriam ter relações sexuais durante a realização da Copa do Mundo de 2022, no Qatar. A fala de Blatter é inaceitável por vários motivos, destacamos dois.

Primeiro, porque o todo poderoso da FIFA usou da fala para tergiversar sobre a escolha do país árabe para sediar a Copa de 2022, pois o referido país é um dos muitos que têm leis que criminalizam a homossexualidade. Ser homossexual no Qatar é considerado crime passível de multa e prisão por 5 anos. Assim, a escolha da FIFA daquele país para ser sede da Copa é uma afronta aos Direitos Humanos. Mas nem a FIFA nem a grande imprensa deram repercussão ao caso, pois o país árabe ter ganho cada vez mais espaço no capitalismo contemporâneo e seus xeques e membros da família real, que controlam o estado e são a burguesia local, investem bilhões de dólares no futebol mundial e são donos de times como o Manchester City da Inglaterra ou patrocinam, como recentemente, times como o Barcelona. Segundo, porque com a declaração, o presidente da FIFA faz rodar o círculo que faz do esporte não uma prática social e emancipadora, mas sim um local em que os preconceitos sejam explicitados como algo natural, pois faz parte do esporte.

As duas questões nos remetem à escalada cada vez maior da mercantilização do esporte, em especial o futebol. É o mercado que, em última instância, dita os rumos do esporte e se houver contradição, como no caso do Qatar, entre Direitos Humanos e Mercado, o primeiro será relegado!

Daí vem à cabeça uma pergunta: Qual a função social do esporte nesse contexto? O esporte que deveria educar, hoje é utilizado como meio de reprodução de uma sociedade arcaica e conservadora, e como disse o ex-jogador da NBA Jonh Amaechi, que se declarou homossexual em 2007, de uma “ignorância Neandertal”. Nesse sentido, é deplorável a utilização de um elemento da cultura corporal na busca da alienação e propagação de sociedade preconceituosa. E, senhor Blatter, seu pedido de desculpas de pouco vale, pois, de novo, é uma tergiversa. O essencial é que o futebol não pode ir contra o mercado e seus interesses e suas desculpas não tocam nesse ponto.

Atualmente, é mais do que necessário dizer que futebol até pode ser pra macho! Mas também para Mulheres, Gays, Negros, Brancos, Índios, Mestiços, enfim. Futebol é um bem cultural e de todos que o queiram!

Por fim, a escolha do Qatar como sede da Copa só realça a urgente necessidade de leis internacionais que punam a homofobia e os países que a praticam.

TEXTO ELABORADO POR MILITANTE DO PSOL

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