segunda-feira, 30 de julho de 2012

Quadro de medalhas: uma invenção da mídia

Primeiro dia da Olimpíada de Londres. O Brasil pela primeira vez consegue logo três medalhas. O resultado disso é uma divulgação imediata do quadro de medalhas pelos meios de comunicação. Afinal, o Brasil por alguns instantes ficou no topo do ranking. Mas, afinal, que ranking é esse? De onde surgiu este quadro de medalhas? E o seu critério? Não é um tanto quanto estranho? E o que vale mais? Ganhar mais ouros ou ganhar mais medalhas ao todo?

Li recentemente um texto do presidente do Confef (Conselho Federal de Educação Física), Jorge Steinhilber, na qual ele criticou esse tal ranquiamento. Embora, eu tenha diversas críticas e contestações quanto ao Sistema Cref/Confef, eu comungo da mesma opinião dele este assunto.

O COI (Comitê Olímpico internacional) não divulga e não elabora este quadro de medalhas. Tal caracterização foi criada a partir de 1948, após  a Segunda Guerra com o duelo histórico entre a ex-União Soviética e os Estados Unidos (Guerra Fria). Inclusive na Carta Olímpica (documento que rege os Jogos), existe a definição explícita de que a competição não se aplica aos países. Já no capítulo cinco da carta, o COI é proibido de estabelecer um ranking oficial, embora reconheça que publica o quadro com o objetivo de informar.

— Não existe quadro de medalhas para o COI e para o COB, mas acabam usando para destacar o desempenho de um país. É o contrário do que falava o Barão de Coubertin (idealizador dos Jogos Modernos).  — analisa Jorge Steinhilber, presidente do Conselho Federal de Educação Física.

A mídia se 'apoderou' deste ranking para criar a competitividade entre os países e ainda a ressignifica. Em Pequim-2008, os EUA mudaram o críterio por ter perdido o primeiro lugar de outros para a China, estabelecendo o critério do total de medalhas. Assim, os estadunidenses ficaram ainda com a hegemonia. Estaríamos vivendo uma 'Guerra fria esportiva' ?

Devemos ver a Olimpíada como uma competição sim, porém, uma disputa para superar a si mesmo. Esta competitividade ntre os países é extremamente equivocada, já que o desempenho olímpico está atrelado diretamente com investimentos econômicos e políticos no setor. Dessa forma, os países ditos 'desenvolvidos' já saem na frente a passos largos. Afinal, o esporte também é um reflexo das diferenças e injkustiças sociais, assim como a educação, saúde etc. Assim, os primeiros colocados sempre serão os mesmos, até que se mude a estrutura social e econômica mundial...

Fica a reflexão.

Para ler a reportagem toda do presidente do Confef, clique aqui.