quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O Show do Rei

Hà um tempo eu ia postar um comentário sobre isso, mas fiquei devendo. Agora, na madrugada de uma sexta-feira, com insônia, farei meus comentários.

O Roberto Carlos, cantor contratado pela Rede Globo, fez um show na Praia de Copacabana no dia 25/12/10, Natal. Só que para isso, o prefeito do Rio Eduardo Paes e a Rede Globo (que patrocina e organiza o show) FECHARAM o bairro de Copacabana, INCLUSIVE PARA OS MORADORES.

Isso fere diversas questões como direito de ir e vir. Além disso, os moradores pagam o IPTU de um bairro turístico e são impedidos de entrar.

E pereberam que a Rede Globo NÃO cobriu o caos no trânsito nesse dia????

Só cobriram o show do "Rei", mas em nenhum telejornal foi colocado essa sacanagem que fizeram com os moradores de Copacabana?

Por que será? Será que o show que ferrou a vida do bairro era patrocinado pela mesma emissora????

E fico admirado com o Roberto Carlos em ser conivente com isso e não fazer concessões para que o show ocorra. Na hora de pedir "500 toalhas brancas", ele sabe fazer concessões....

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Entrevista sobre o livro

Não sei se todos sabem, mas eu lancei um livro. E recentemente eu concedi uma entrevista à Rádio Bandeirantes de São Paulo. Clique abaixo e ouça uma análise geográfica sobre o esporte.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Olimpíada e Copa trazem prejuízo social

A organização de Copas do Mundo e Jogos Olímpicos causou a expulsão de milhares de pessoas de suas casas e, na grande maioria dos casos, teve impacto negativo sobre a situação de moradia para a população.

A conclusão é da ONU, que apresenta hoje, em Genebra, seu primeiro relatório completo sobre o impacto de megaeventos esportivos sobre a vida das pessoas nas cidades que os sediam e desfaz o mito de que apenas trazem benefícios à população. Veja reportagem completa aqui.

No caso do Rio de Janeiro, alerta o estudo, a ameaça de expulsão de moradores de áreas que serão usadas para os Jogos de 2016 é real e o governo terá de dar uma solução.

O trabalho de elaboração do levantamento coube a uma brasileira, Raquel Rolnick, relatora das Nações Unidas para o Direito à Moradia e hoje uma das principais especialistas mundiais na questão. A ONU buscou contato com a Fifa para tratar do assunto. Sequer foi recebida. “Experiências passadas mostram que projetos de reurbanização adotados para a preparação de eventos resultaram em violações extensivas de direitos humanos, em especial o direito à moradia”", alertou Rolnick em seu documento, que será apresentado hoje a governos de todo o mundo.

Expulsões, encarecimento de moradia, falta de alternativas e pressão sobre os mais pobres, que acabam empurrados para as periferias, têm sido algumas das marcas mais características das Copas e Jogos Olímpicos. Para a brasileira, os benefícios econômicos desses eventos não são distribuídos de forma adequada à população e o legado “é longe de ser positivo”".
“Velhas disparidades parecem se exacerbar diante de um processo de regeneração e embelezamento das cidades”", afirma. “As consequências de longo prazo de megaeventos incluem fatos preocupantes.”"

Os exemplos citados pela ONU são inúmeros. Em Seul, em 1988, a Olimpíada afetou 15% da população, que teve de buscar novos locais para morar – 48 mil edifícios foram destruídos. Em Barcelona, em 1992, 200 famílias foram expulsas para a construção de novas estradas. Em Pequim, a ONU admite que 1,5 milhão de pessoas foram removidas de suas casas. A expulsão chegou a ocorrer em plena madrugada. Moradores que se opunham foram presos.

Outra constatação é a alta nos preços de casas. Em Seul, a inflação foi de 20% nos oito meses anteriores aos Jogos. O preço da terra subiu 27%. Em Barcelona, a alta foi de 131% nos cinco anos antes da Olimpíada, contra mais de 50% em Sydney. Em Atlanta, 15 mil moradores foram expulsos de suas casas em 1996 e a inflação no setor imobiliário passou de 0,4% para 8% no ano dos Jogos.
Para Londres/2012, as áreas próximas aos locais dos eventos já sofrem inflação quatro vezes maior que a média nacional.

Em relação à Copa da África, a relatora alerta que os compromissos do governo de proporcionar ganhos sociais com o evento não estão se confirmando. O orçamento para isso é baixo e a Fifa sequer aceitou falar com Raquel sobre o assunto. A ONU pede que a entidade modifique seus critérios para a escolha da sede das próximas Copas. Não houve resposta.
JOGOS DE 2016
Para a Olimpíada do Rio, a ONU já alerta para possíveis violações ao direito à moradia. Um dos problemas seria a Vila do Autódromo, que poderia ter seus moradores expulsos para as obras do evento. Outra preocupação é com relação à falta de informação sobre compensações que moradores de algumas áreas terão de receber.

Fonte: http://raquelrolnik.wordpress.com/2010/03/05/olimpiada-e-copa-trazem-prejuizo-social/

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Especulação imobiliária: maior inimigo do lazer

Na esquina da Rua Muniz Barreto com a Rua São Clemente, em Botafogo (ao lado do Consulado Geral do Egito), havia uma praça com banquinhos, mesa para jogos de damas e xadrez, quadra esportiva e brinquedos para crianças. Porém, nos últimos dias esta praça foi coberta por tapumes de uma construtora imobiliária, o que nos leva a crer que a praça será substituída por um imóvel.
É importante alertar que o bairro em questão possui poucas praças públicas e pelo visto perderá mais uma que tem equipamentos de lazer. Este local ganhará mais um espigão que fará da paisagem do local um "mar de concreto".

No entanto, eu gostaria de saber se a Prefeitura por caso pediu autorização, informou ou fez alguma pesquisa de opinião com as pessoas que usufruem desta praça? Aonde os idosos irão se distrair nas manhãs? E onde as crianças irão jogar bola depois das aulas? Será que a prefeitura irá implementar outro local de lazer para substituir essa praça e suprir a carência e necessidade da população? Botafogo é um bairro de classe média, classe média-alta.

É possível que a maioria da população do bairro não use este local público para se distrair e divertir, já que deve usar outras formas de lazer (como clubes, por exemplo), só que o que mais choca é que esta parece ser a tônica dos bairros com especulação imobiliária gigantesca. Ao invés de investir em lazer e cuidar de tais equipamentos, prefere passar este terreno para a iniciativa privada. Assim, terá menos uma preocupação para resolver... O que fala mais alto é o dinheiro mesmo. Lastimável!

Eu sugiro que isto seja conteúdo obrigatório para turmas de Ensino Médio, principalmente se no bairro em que esta turma se localiza acontece este tipo de situação. A reflexão sobre equipamentos esportivos e sobre o fenômenos do lazer na atualidade, assim como a atuação dos órgãos públicos nesse setor são dever do professor!